domingo, 3 de junho de 2007

LEITURA E AS CONSOANTES OCLUSIVAS







Carla Sâmia Bezerra Lopes

Manuela Carvalho Portela

Risoneide Aguiar Melo Ticiane Maria de Araújo Oliveira




Como orientar nosso aluno durante a leitura quanto à pronúncia de palavras que trazem as consoantes oclusivas?Apresentamos as consoantes oclusivas, antes entendendo fisiologicamente a emissão de seu som e depois estudando as características do segmento como: os articuladores, a sonoridade e ponto e modo de articulação. Ainda, expondo suas particularidades.


Palavras-chaves: fonética, consoantes oclusivas, cordas vocais, articuladores, som.


Introdução:

Muitos estudos têm sido dedicados à fonética e fonologia, dentre esses estudos encontramos vários voltados para aquisição e transcrição da criança ou mesmo do adulto, incluindo seus dialetos regionais como parte da comunicação lingüística.
Aqui trataremos das consoantes oclusivas, parte do estudo citado anteriormente, sem esquecermos seu aspecto fisiológico, ou seja, o aparelho fonador. Entendermos o mecanismo da corrente do ar, o estado da glote, a posição do véu palatino e os articuladores da Língua é indissolvível do estudo das oclusivas.
Neste trabalho, pois, nos voltaremos para todas essas variações dentro das oclusivas.


1. Se o fonema é a menor unidade sonora de uma língua, como a emissão vocal acontece?
No corpo humano nenhum órgão é destinado à fala, antes possui atividades primárias como mastigar, respirar ou cheirar, diz Thaís Cristófaro (2002: pág 24).
O aparelho fonador divide-se em três grupos: o sistema respiratório, o sistema fonatório e o sistema articulatório.
O sistema respiratório tem como função primária à respiração. Constitui-se: dos pulmões, dos músculos pulmonares, dos tubos brônquios e da traquéia.
O sistema fonatório é constituído pela laringe. A função dela é atuar como uma válvula que obstrui a entrada de comida nos pulmões por meio do abaixamento da epiglote. A epiglote é a parte com mobilidade. O ato de engasgar envolve o fato de que a epiglote não obstrui a entrada do alimento no sistema respiratório. O ar dos pulmões sai então visando a impedir a entrada do corpo estranho (o alimento) no sistema respiratório. Na laringe localizam-se músculos estriados, e são denominados cordas vocais.




O sistema articulatório possui várias funções primárias como o ato de comer e podemos salientar: morder, mastigar, sugar, engolir. Consiste da faringe, da língua, do nariz, dos dentes e dos lábios.
Os três sistemas descritos acima são fisiologicamente responsáveis pela produção da fala. No entanto, agora, nos deteremos às enumerações de qualquer segmento consonantal:
Figura 1.1

1.1 o mecanismo da corrente de ar.
Os sons produzidos pelo homem têm como agente direto o mecanismo da corrente do ar. E poucos sons não fazem uso desse mecanismo. O corpo humano é capaz de realizar os segmentos consonantais por esta estrutura, utilizado normalmente no ato de respirar.
Figura 1.2

1.2. o estado da glote
A glote é uma abertura da laringe, localizada entre os músculos estriados (cordas vocais) que podem ou não obstruir a passagem de ar dos pulmões. Um segmento consonantal é vozeado (ou sonoro) quando as cordas vocais estiverem vibrando durante sua produção. Ao contrário, o som desvozeado (ou surdo) não há essa vibração das cordas vocais.

1.3. o véu palatino
Identificamos a oralidade ou nasalidade de um segmento pela posição do véu palatino. O som oral passa pela cavidade nasal sem nenhum problema, pois, a úlvula está levantada. Na produção do som nasal, a úlvula está abaixada e o ar penetra na cavidade nasal, havendo uma ressonância.

1.4. os articuladores ativos e passivos
Os articuladores ativos vão em busca dos articuladores passivos, movimentando-se. Os articuladores passivos, não têm mobilidade, são: o lábio superior, os dentes superiores e os alvéolos, palato duro, véu palatino (estes últimos são conhecidos por céu da boca).

2. Enfim, as consoantes oclusivas
/ p / t / d / b / k / g /
São consoantes que apresentam uma obstrução à passagem livre do ar através da boca, causada pelos seus articuladores (lábios ou língua). Esse bloqueio ocorre no ponto de articulação, por isso, denominam-se bilabiais, dentais/ alveolares ou velares, conforme os articuladores que entram na sua pronúncia, como mostra o quadro abaixo.

Quadro 2.1

Símbolo
Lugar de articulação
Articulador
ativo
Articulador passivo
Modo de articulação
/p/
Bilabial
Lábio Inferior
Lábio Superior
Oclusiva
/b/
Bilabial
Lábio Inferior
Lábio Superior
Oclusiva
/t/
Dental/alveolar
Ápice da Língua
Dentes Superiores
Oclusiva
/d/
Dental/alveolar
Ápice da Língua
Alvéolos
Oclusiva
/k/
Velar
Parte Posterior da Língua
Véu Palatino
Oclusiva
/g/
Velar
Parte Posterior da Língua
Véu Palatino
Oclusiva

E quanto a sua sonoridade elas podem ser surdas ou sonoras pela participação ativa ou não das cordas vocais, exposto no quadro a seguir:








Quadro 2.2
Ponto de Articulação
Sonora ou Vozeada
Surda ou Desvozeada
Bilabial
/ b /
/ p /
Dental/alveolar
/ d /
/ t /
Velar
/ g /
/ k /

“A posição sonora / surda em consoantes oclusivas é distintiva em Português, isto é, contribui para alterar o significado como se pode ver nos pares de palavras / pato / bato /, / tom / dom /, / cato / gato /.” (Maria Helena Mira Mateus, 1998:20)

2.1. particularidades nas consoantes oclusivas
A fonética abre espaço para o estudo de todas as manifestações de sons e suas especificidades. Então, surge a Propriedade Articulatória Secundária. Essa propriedade ocorre de acordo com o ambiente, ou seja, a partir de segmentos adjacentes e as oclusivas têm grande participação.
A labialização, por exemplo, é o arredondamento dos lábios durante a produção do som. A labialização geralmente ocorre quando a consoante é seguida de vogais arredondadas (orais ou nasais) com em “tatu”, “bolo”. Utilizamos o símbolo w colocando acima, à direita, do segmento para marcar a labialização: w w w w w w
p , b , t , d , k , g

Um outro exemplo é a dentalização. A consoante / t /, no dialeto paulista ou mineiro, na palavra “tapa” pode se dar com a ponta da língua tocando os dentes (sendo, portanto, uma consoante dental) ou pode se dar com a ponta da língua tocando os alvéolos (sendo, portanto, uma oclusiva alveolar).
E mais variações podem ser percebidas e mostradas dentro da fonética, salientando, aqui, nas oclusivas, quando se fala em contexto regional.

Conclusão:
Vimos um pouco da riqueza fonética em sua dimensão fisiológica e na ampla abertura dos fones e suas variações. Estudar as consoantes oclusivas é perceber um horizonte de termiologias a serem exploradas, principalmente nas suas articulações secundárias.


Referências Bibliográficas:
· Silva, Thaís Cristófaro. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 6º ed. São Paulo: contexto, 2002.
· Mateus, Maria Helena Mira. Diversidade Lingüística na Escola Portuguesa. Artigo cientifico. Iltec:1998


Nenhum comentário: